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sexta-feira, 24 de junho de 2011

ORGANIZANDO SARAUS-Tiago Casagrande


Final de semana. A cena repete-se em quase todos os núcleos de amigos: um telefona para o outro, "Onde é a festa hoje? Onde vai ser a cervejada esta noite?" E assim sucessivamente, até que a turma toda esteja reunida em torno da uma mesa de bar, ou disputando alguns centímetros da pista de dança. Até que, numa sexta-feira meio morosa, alguém levanta a questão: "Por que a gente não faz algo diferente hoje?" Uns fazem cara feia, preguiçosos, preferindo a fórmula halterocopismo-com-papo-furado de sempre. Outros vão topar, e perguntar: "Mas o quê, por exemplo?"
Eis a nossa sugestão de hoje: um sarau poético-literário. Curtição cada vez mais popular em Porto Alegre, alavancada pelo sucesso do Sarau Elétrico (leia matéria aqui), vem abrindo os olhos semicerrados do povo às benesses da literatura e da poesia. Treine sua impostação de voz e arrisque!
Quer umas dicas? Organizar um evento desses é bastante simples. Tudo o que você vai precisar é de amigos, textos, um local e bebida. Por ordem:
Amigos: convide toda a turma. Metade não vai aparecer, justificando o aniversário da Tia Vendelina em Pororoca do Sul. Não tem problema: num sarau, o importante é ter pessoas participativas. Platéia e aglomeração mais atrapalham do que ajudam, já que são essenciais o silêncio e a concentração. Aos poucos, você vai formando um grupo forte de declamadores. Vale interpretar, também; aquela sua amiga que cursa Artes Cênicas vai adorar. Indispensável é que todos sejam incentivados para ler, declamar, interpretar, gritar, seja lá de que maneira for. Se você não achar sua performance boa, leia outro, treine mais. Mas siga insistindo.
Textos: muitos. Selecione poesias, crônicas, contos e fragmentos de romance de seus autores preferidos. Procure não escolher os longos demais, para não perder a atenção dos ouvintes. Outro tempero interessante é exigir, como regra, a leitura de pelo menos um texto próprio de cada participante. Tem gente que fica envergonhada, tem gente que só vai ler os seus próprios textos; mas é bacana para aproximar as amizades, testar estilos, adquirir confiança. É quase dinâmica de grupo.
Dica: Nos sites do IG e do Terra existem seções de livros online, disponíveis para download gratuito. Use para pesquisar textos para leitura.
Local: pode ser uma casa ou apartamento de um dos participantes. É gostoso espalhar almofadões pela sala: as pessoas ficam bem aconchegadas e podem prestar atenção na leitura sem preocupar-se com dor nas costas; e a voz de quem lê, em pé, no centro, circula melhor pelos ouvidos. Se o tempo estiver bom e houver um pátio ou terraço, é altíssimo astral realizar o sarau ao ar livre, sob a luz das estrelas e da lua. Só não esqueça de colocar pilhas na lanterna - ou, se for fazer uma fogueira, de obedecer às normas de segurança para não colocar fogo nos participantes.
Bebida: isso depende de cada um, mas vinho conspira perfeitamente com a atmosfera poética e lírica - sem falar que manda a timidez para longe. No calor, um chardonnay geladinho é perfeito; no frio, um tinto não muito seco, como um pinot noir ou um Barbera caem muito bem. (E, de experiência própria: com vinho da colônia, daqueles de garrafão, é uma maravilha também.) Se tudo for um sucesso, ao longo de algumas horas até os mais quietos estarão declamando sonetos de joelhos, com os olhos cheios de lágrimas.

AMOR À VIDA

E assim,vamos caminhando,em busca de que?
De um olhar ,de um carinho,de um amor
De sonhos,de encantos,de magia,
De sol,de sal,de luz,de vida...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Um pouco de Walt Whitman


Nem eu nem ninguém vai percorrer essa estrada
[ pra você,
Você tem que percorrê-la sozinho.
Não é tão longe assim .... está ao seu alcance,
Talvez você tenha andado nela a vida toda e não
[ sabia,
Talvez a estrada esteja em toda parte sobre a
[ água e sobre a terra.

.
Pegue sua bagagem, eu pego a minha, vamos em
[ frente;
Toparemos com cidades maravilhosas e nações
[ livres no caminho.

.
Se você se cansar, entrega os fardos, descansa a
[ mão macia em meu quadril,
E quando for a hora você fará o mesmo por mim;
.
Pois depois de partir não vamos mais parar.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

HOMENAGEM A MACHADO DE ASSIS

Machado de Assis


(...) Assim são as páginas da vida,
como dizia meu filho quando fazia versos,
e acrescentava que as páginas vão
passando umas sobre as outras,
esquecidas apenas lidas.






Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que freqüentará o autodidata Machado de Assis.

De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.

Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais.

Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.

Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu protetor.

Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota, e ali integra-se à sociedade lítero-humorística Petalógica, fundada por Paula Brito. Lá constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.

Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer parte da redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia também para a revista O Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A Semana Ilustrada(onde, além do nome, usava o pseudônimo de Dr. Semana) e Jornal das Famílias.

Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de Novais.

Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas.

Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial.

Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais.

Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e por um casamento feliz que durou 35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a vários autores da língua inglesa.

Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a celebrizou.

Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Com a nomeação para o cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que seria o seu principal meio de subsistência durante toda sua vida.

No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva, começa a publicar em folhetins o romance A mão e a luva. Escreveu crônicas, contos, poesias e romances para as revistas O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira.

Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II em junho de 1880, escrita especialmente para a comemoração do tricentenário de Camões, em festividades programadas pelo Real Gabinete Português de Leitura.

Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica aquelas que foram consideradas suas melhores crônicas.

Em 1881, com a posse como ministro interino da Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de gabinete.

Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira.

Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data (1884), Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906).

Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no ano de 1889.

Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam reuniões os intelectuais que se identificaram com a idéia de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado desde o princípio apoiou a idéia e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa.

É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.

Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.

Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos."

terça-feira, 21 de junho de 2011

Albinoni-ADAGIO

ADÄGIO DE ALBINONI

Tomaso Albinoni foi um dos maiores compositores do barroco italiano, é verdade, mas o chamado "Adagio de Albinoni" não foi composto por ele.

O verdadeiro autor desta belíssima peça foi um musicólogo italiano do séc XX chamado Remo Giazotto, que a compôs em 1945, com base num andamento de uma sonata de Albinoni.

Ouçamos, pois, o Adagio em sol menor "de Albinoni", de Remo Giazotto.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A SERRA DO ROLA MOÇA




A serra do rola-moça


A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...


Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.


Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puseram de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.


Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.


A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.


As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.


Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.


Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz ...
Chicoteado o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.


E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.
 
Photo: by João Cruzue

domingo, 19 de junho de 2011

ESPERANÇA E FELICIDADE

A esperança é uma ave que pousa na alma, canta melodias sem palavras e nunca cessa.
Emily  Dickinson