Forçoso do meu tempo, já dar conta,
Mas como dar sem tempo tanta conta
Em que gastei sem conta tanto tempo?
Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi bem tempo e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta
Quero hoje fazer conta e falta tempo.
Dado me foi bem tempo e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta
Quero hoje fazer conta e falta tempo.
Ó vós que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis esse tempo em passatempo,
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.
Não gasteis esse tempo em passatempo,
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.
Mas, ó, se os que contam com o seu tempo,
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam como eu o não ter tempo.
Alguns dizem que esse poema é anônimo, outros o atribuem ao Padre António Vieira, e outros ainda ao Frei Castelo Branco.
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam como eu o não ter tempo.