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terça-feira, 15 de abril de 2014

Considerações poéticas sobre um dia de chuva

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego…

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece…

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente…
Fernando Pessoa

segunda-feira, 16 de setembro de 2013



Perder, dói! Não adianta dizer NÃO SOFRA, NÃO CHORE; só não podemos ficar parados no tempo chorando nossa dor diante das nossas perdas.
Lya Luft

domingo, 23 de dezembro de 2012

Os vestidinhos de mamãe

Amigos queridos,

Publiquei este texto no Natal do ano passado, mas a saudade daqueles tempos dos vestidinhos, me faz publicá-lo novamente...

Dia gris

Hoje está um dia cinzento,chuvoso,mas não está um dia triste.Há circunstancias na vida que requerem sensibilidade de nossa parte,principalmente nesta  época  que precede o Natal...as pessoas ficam com as emoções à flor da pele e temos que ter muito cuidado para não magoá-las.Qual foi a última vez que você deu algo para alguém,sendo que este"algo"era uma coisa da qual você gostava muito?
Nesta epoca do ano eu me lembro muito de minha mãe...não tínhamos muito mas ela sempre,em todos os Natais de nossas vidas,fazia vestidinhos para criancinhas carentes da idade de uma de nós[éramos duas irmas ]
.Quando o vestidinho ficava pronto,uma de nós o experimentava,só que,quando crescemos e a unica crianca que havia em casa era nosso irmão,ele passou a experimentar e depois,mais tarde,também meus filhos tiveram que se submeter a esta"prova", o que,para eles se constituia em uma verdadeira provação...mas valia a pena,pois,para ela aquele era o verdadeiro "espirito de Natal".Bons tempos aqueles...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Almoço de aniversário







Bem vindos à minha festa de aniversário



Almoço no restaurante "Paraíso da Serra"


Violinos em minha homenagem! Muito lindo!


Saboreando os petiscos!

O saboroso buffet quente



As saladas divinas



Uma parte da minha família(aquela carinha sapeca é de minha netinha)

Foi uma tarde muito alegre para mim e para todos que participaram do almoço...pena que todos não pudesssem vir.Mas, como diz minha neta Ana Paula, temos que ficar felizes com tudo que a gente consegue...e estas caras de felicidade confirmam isto.


Um pouco de Pessoa para vocês....



Aniversário
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais       copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!..